30 ANOS DE RIO-92: A CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO PARA A CONSTRUÇÃO DA AGENDA AMBIENTAL NO BRASIL
EVENTO DE ABERTURA - 24/10/2022
Local: Auditório do Instituto de Energia e Ambiente da da Universidade de São Paulo. Avenida Professor Luciano Gualberto, 1289 - Cidade Universitária - Butantã - São Paulo/SP
- Com transmissão pelo YouTube
ABERTURA (9:00 hs)
Prof. Roberto Zilles – Diretor IEE/USP
MESA REDONDA 1– A CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO PARA O DEBATE AMBIENTAL NO BRASIL (9:15-12:30 hs)
Em junho de 2022, completaram-se 30 anos da realização da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92 ou Rio-92), um marco para o debate global sobre desenvolvimento sustentável. A Rio-92 mobilizou 179 chefes de Estado, que aprovaram as principais convenções das Nações Unidas que vêm influenciando a governança ambiental global desde então: as Convenções do Clima e da Biodiversidade, a Agenda 21, a Declaração do Rio para Meio Ambiente e Desenvolvimento, e a Declaração de Princípios para Florestas. O Fórum das ONGs, organizado em paralelo pela sociedade civil, cobrou compromissos das lideranças mundiais e estimulou a ampliação do debate ambiental para outros segmentos sociais.
Dois anos antes da realização da Rio-92, a primeira turma do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM) iniciava suas atividades na USP, em uma iniciativa da “formação de pessoal qualificado para o exercício integrado de pesquisa e ensino nos campos do conhecimento correlatos a problemas ambientais, englobando ciências humanas, ciências da vida, ciências da terra, ciências exatas e ciências aplicadas” (Veiga, 1998:12). Embora outras inciativas interdisciplinares já fossem desenvolvidas em unidades da USP, como a Comissão de Estudos de Problemas Ambientais (CEPA) e o Projeto Floram no Instituto de Estudos Avançados (IEA) (Marcovitch 1998), a criação do PROCAM como um programa inter-unidades vinculado diretamente à Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) refletia o momento histórico singular vivido pelo país. Nestes 30 anos de atuação, o programa formou 335 mestres e 114 doutores, sendo 11 doutorados diretos.
O pioneirismo do PROCAM contribuiu para a criação pela USP de outros cursos na área ambiental, tanto de pós-graduação, quanto de graduação. Em 2001, foi criado o Programa Interunidades em Ecologia de Agroecossistemas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), posteriormente ampliado para Ecologia Aplicada, em 2006 (PPGI-EA). Em 2012, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) criou o Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade. No ensino de graduação foram criados dois cursos de Gestão Ambiental, tendo as primeiras turmas ingressado em 2002 (ESALQ) e 2005 (EACH). Vários egressos do PROCAM estiveram entre os docentes contratados. Em 2009, o PROCAM foi incorporado pelo atual Instituto de Energia e Ambiente (IEE), atendendo a determinação da Reitoria de desvincular os cursos interdisciplinares ligados à PRPG.
Ao longo das últimas três décadas a interdisciplinaridade foi ganhando importância e reconhecimento dentro e fora da academia. Porém, a despeito dos avanços no ensino, pesquisa e extensão na área ambiental, a prática ainda traz muitas dificuldades para docentes e pesquisadores da USP, seja no processo de progressão na carreira (não há um comitê interdisciplinar de avaliação), seja na aprovação de projetos junto às agências de financiamento à pesquisa, que não possuem um número suficiente de pareceristas qualificados para avaliá-los, aumentando o tempo de tramitação dos projetos. As dificuldades incluem desde a subavaliação dos curricula vitae, ao não considerar as particularidades da formação de um pesquisador interdisciplinar, até o conhecimento parcial dos referenciais teóricos e metodológicos propostos nos projetos.
O objetivo desta mesa redonda é fazer um balanço da atuação da USP e do PROCAM nas últimas três décadas frente aos desafios colocados pela Rio-92 para o desenvolvimento sustentável, e seus papéis nas décadas vindouras, diante do agravamento da crise socioambiental trazido pelas mudanças climáticas.
Convidados:
José Goldemberg (Prof. Sênior IEE, USP) – participação remota
Adolpho José Melfi (Prof. Sênior IEE, USP) – participação remota
Patrícia Iglesias (Superintendência de Gestão Ambiental - SGA, USP)
Marcos Buckeridge (Coordenador do Programa Eixos Temáticos SGA-USP e do Programa USP Cidades Globais do Instituto de Estudos Avançados - IEA, USP)
Ricardo Abramovay (Prof. Sênior IEE e PROCAM, USP)
José Eli da Veiga (Prof. Sênior IEA-USP, USP)
Paulo Sinisgalli (EACH e Coordenador PROCAM/IEE, USP) - Moderador

ABERTURA (14:00-hs)
Prof. Paulo Sinisgalli – Coordenador PROCAM
MESA REDONDA 2 – TRAJETÓRIAS: A EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL DE EGRESSOS DO PROCAM NA ÁREA AMBIENTAL (14:15-17:15 hs)
A primeira turma do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM) iniciou o curso em 1990, em um período marcado pela recente promulgação da Constituição de 1988 e seu avançado capítulo sobre meio ambiente, e os preparativos para a realização da Rio-92. Vivia-se, portanto, um período de grande interesse pelas questões ambientais, embora ainda pautado por olhares disciplinares. Mas a complexidade dos problemas ambientais criou uma demanda por uma formação interdisciplinar na pós-graduação, e o PROCAM atraiu mais de 200 inscritos para a prova de seleção da primeira turma, que teve que ser realizada pela FUVEST.
Atraindo profissionais que já trabalhavam ou que buscavam uma formação interdisciplinar na área ambiental, o PROCAM foi decisivo para as trajetórias profissionais de seus egressos no terceiro setor, no governo, em empresas privadas, em organismos multilaterais e na própria academia. Trajetórias estas que acompanharam as transformações históricas na governança ambiental; no mercado de consultoria ambiental, certificações e pagamento por serviços ambientais; no papel e posicionamento das organizações não governamentais no debate ambiental e na mobilização de recursos financeiros para a conservação; e nos temas de maior interesse na investigação científica, incluindo o crescimento da agenda climática e do protagonismo de povos indígenas e tradicionais.
A segunda mesa de abertura do IV SICAM reunirá profissionais formados pelo PROCAM que atuam em diferentes áreas para, a partir de suas trajetórias pessoais e áreas de atuação, analisar a evolução histórica do debate ambiental desde a Rio-92.
Convidados:
Pedro Jacobi (Prof. Sênior IEE e PROCAM) - Moderador
Organizações multilaterais: Luiz Carlos Beduschi Filho (Oficial Superior de Políticas de Desenvolvimento Rural, FAO/ONU)
Governo: Cristina Maria Azevedo (Assessoria Técnica da Coordenadoria de Planejamento Ambiental da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente-SP)
Iniciativa privada: Monica Peres Menezes (Diretora de Meio Ambiente - AECOM do Brasil)
Terceiro setor: Isabel Garcia-Drigo (Gerente - Clima e Emissões, Ciência de Dados e Gestão do Conhecimento e Incidência, Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola - IMAFLORA)
Ensino e formação de profissionais: Eduardo Ehlers (Gerente de Comunicação e Relações Institucionais - Senac-SP)
Academia: Cristina Adams (Profa. Associada, EACH e IEE-USP)

EVENTO DE ENCERRAMENTO - 26/10/2022 - REMOTO
ECOLOGIA DE SABERES NAS QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS: DO LUGAR DE FALA A LUTA COLETIVA. (18h às 19h30)
O objetivo da mesa-redonda de encerramento é trazer perspectivas de atores sociais diversos, principalmente povos originários, movimentos da sociedade civil e comunidades tradicionais, que contribuem e atuam em pautas ambientais em diversas frentes.
Os eixos centrais da mesa serão sobre um balanço das pautas socioambientais nas respectivas áreas de atuação, e quais os caminhos para (re)construirmos e avançarmos nas pautas daqui para frente.
Palestrantes:
Adriana Souza Lima - Educadora popular, pesquisadora local, monitora ambiental, pedagoga e Feminista Comunitária, Juréia-SP
Bruno Batista de Souza - Educador social - Saberes Ambiental, Jd. Damasceno, Brasilândia-SP
Anthony Guarany - Ativista Guarani da Terra Indígena Jaraguá - SP
Moderadora:
- Karla Dilascio - Co-fundadora do Instituto Fronteiras e doutorando PROCAM-USP
Vasta experiência na liderança e facilitação de processos que envolvam fronteiras interétnicas e hibridismo institucional de povos e comunidades tradicionais na Amazônia, com foco no desenvolvimento de ações inovadoras, de impacto local positivo, que privilegiam a autonomia destas populações e a manutenção da floresta em pé.

Referências citadas:
Veiga, J. E. (org.). 1998. Ciência Ambiental. Primeiros Mestrados. São Paulo: Annablume, PROCAM, FAPESP.
Marcovicht, J. 1998. Prefácio. In: José Eli da Veiga (Org.), Ciência Ambiental. Primeiros Mestrados. São Paulo: Annablume, PROCAM, FAPESP